"... Uma esmola pro desempregado
Uma esmolinha pro preto pobre doente
Uma esmola pro que resta do Brasil
Pro mendigo, pro indigente
Eu tô cansado, meu bem, de dar esmola
Essa quota miserável da avareza
Se o país não for pra cada um
Pode estar certo
Não vai ser pra nenhum ..."
A muito tempo esse tema vem me incomodando nessa minha terrinha [Salvador-Ba] pelo fato de que, nos últimos tempos, tenho visto muitas pessoas nos ônibus pedido ajuda pelos filhos, pela esposa doente, pela mãe que não pode trabalhar, pelo marido que abandonou a todos...
Enfim, o número de pedintes aumentou na capital bahiana por uma série de fatores, dentre eles o fechamento de alguns manicómios na cidade e a redução de leitos em outros. Muitas dessas pessoas, a família não quer dentro de casa ou, não tem família, o que estimula com que eles habitem nas ruas.
Além disso, temos famílias inteiras que moram nas ruas de Salvador. Algumas mendigam para conseguirem ter o que comer, outras exploram suas crianças e usam do dinheiro com má-fé deixando as mesmas com fome [para uso de drogas, sendo essas llícitas ou ilícitas], tantas outras enganam a população e o governo fingindo ter deficiencias e/ou não ter condições para trabalho, para sustento próprio.
Todas as vezes que me bato com situações como essas pelas ruas da cidade, fica em mim um mistura de culpa com vontade de ajudar, de fazer melhor e a sensação de que, o que pode haver atrás daquele discurso carente. O que mais poderia haver senão as palavras pronunciadas em busca de um pouco de "dignidade", um pouco de partilha do mundo consumidor?
Por um lado, algumas vezes, quando o coração grita para que eu ajude, oferto o pouco que tenho, depois penso se, quem deveria estender a mão para ajudar eles seria eu ou o governo ao qual, pago impostos para, justamente, ajudar o país e aos habitantes do mesmo? Quando o pedinte não me comove, fico me perguntando se estou sendo injusta com ele ou se de fato meu sexto sentido está me mostrando que há algo a mais naquele discurso...
- O fato de dar esmolas também faz com que nós estejamos sustentando uma certa "mordomia" sem saber?
- Estamos tirando do governo a responsabilidade de arcar com seus problemas e tranferindo a responsabilidade?
- Estamos com isso piorando o problema da cidade e aumentando o número de pedintes?
- Estamos contribuindo para o tráfico e para o uso de drogas?
- Estamos contribuindo com a exploração infantil?
- Estamos compactuando com mentiras que contada por cem vezes talvez se tornem real?
Como responder essas perguntas? Como agir diferente e fazer diferente?
E você, o que acha?
5 comentários:
O seu post tá tão bem explicado, q chega demorei pra pensar em como ia comentar...
Muitas vezes tive e tenho até hj essa dúvida de contribuir com quem pede esmola, pois não se sabe da verdadeira intenção da pessoa, se a história é real...
Mas vc focou no ponto da responsabilidade do governo, o q deixa a situação mais complicada ainda, e nós mais indecisos...
Afinal, podemos tentar ajudar, e na verdade piorar as coisas...
Gostei do post...
Bjs!
Eis uma questão para nos fazer refletir.
Ajudar uma pessoa carente e fazer uma obrigação que seria do governo, ou não ajudar a pessoa carente, mantendo ela com fome até que a pobreza no Brasil seja erradicada( se ela sobreviver até este iluminado dia na pele e no osso).
Sob esta primeira exposição, seria mais interessante, para os humanitários e religiosos por natureza, contribuir para sanar a fome do ser humano em questão.
Em contrapartida, se o sujeito pede a esmola não por fome, mas para ser revertida em drogas você estará contribuindo para a montagem de um quadro que se voltará contra você mesmo num futuro próximo.
Você vai pagar as drogas para aquele dependente quimico, ele vai consumir as drogas, ele ficará doidão e tão doidão que, para ter mais drogas ainda, ele pode resolver assaltar um alguém que pode ser VOCÊ mesmo, longe de ser reconhecido ou considerado.
Recorram para os santos, para o sexto sentido, para a força maior que nos governa, para Jah ou para os búzios na hora de decidir se é verdade ou não a história e dar ou não suas esmolas.
Bom levantamento, driele!
:)
Seu post foi bem pensado.
É uma coisa que penso, reflito e faço todos os dias que pego ônibus na bendita capital baiana.
Quase todo dia me deparo com essa situação e cada vez mais vêm crescendo esse tipo de atividade, infelizmente!
Certo dia estava sentada no ponto na frente da facultix e me vêm dois moleques que se tivessem muito tinham uma 7 anos, e eles xingavam tanto e falavam tanta merda, disputa e blá blá, que eu fiquei me perguntando se daria ou não dinheiro para eles! E ai veio na minha mente um pensamento que carrego desde pequena ( desculpa a ironia, desde guria)dar a essas pessoas carentes a esmola não é o ideal , nem o suficiente, porque sempre teremos a dúvida de termos feito algo certo ou não e porque esse tipo de assistencialismo não garante muito para quem pede e também para nossa nação!!!
O que falta nesse país é uma igualdade maior, uma melhor distribuição de renda e EDUCAÇÂO, porque esta é a chave para tantos outros problemas da nossa sociedade ( na minha humilde opinião).
Ok
Escrevi demais. Mas comentei
Até mais
Não se importem em escrever, o que eu quero é justamente isso, provocar vocês, quero debater, quero saber o que acham...
Se ficarem economizando palavras as coisas se perdem e meu objetivo nunca será atingido.
Vamos que vamos!
Essa é a dura realidade de nosso país...
Esse problema realmente é algo para se discutir, se questionar e criticar...
Não é legal ver pessoas pedindo esmola...
E o pior é q as vezes não sabemos se estamos contribuindo para o bem ou para o mal...
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